31 agosto 2010

Hoje encontrei a Chiclete, ou melhor, ela tratou de me encontrar…


Diário de bordo (31/08/2010):
06.45h: Toca o despertador;
06.55h: Levanto da cama (ainda a dormir);
06.56h: Abro a janela do quarto e a persiana (ainda a dormir);
06.57h: Tomei o pequeno-almoço (ainda a dormir);
07.05h: Banho (acordei um bocadinho);
07.15h: Vesti-me (a dormir de novo);
07.30h: Sai de casa (ainda a dormir);
07.40h: Cheguei à estação da CP (ainda a dormir);
07.49h: Apanho o comboio para Campanhã (ainda a dormir);
08.00h: Chego a Campanhã (ainda a dormir);
08.01h: Dou uma vista de olhos aos jornais e revistas no quiosque (ainda a dormir);
08.02h: Paço à frente da praça de táxis, atravesso a rua e dirijo-me à pastelaria do costume para tomar o meu primeiro café da manhã (ainda a dormir);

PAUSA
(até aqui o dia foi em tudo igual a todos os outros, desde que comecei a andar de comboio)

PLAY

08.03h: Pedi o meu café à senhora antipática do costume (ainda a dormir);
08.04h: Senti alguém a bater-me nas costas, como que a chamar por mim. Virei-me para trás. Acordei. E acordei da pior maneira;
Quem era? Era a “Chiclete”.
Quem é a “Chiclete”? (Perguntam vocês)
Para quem andou na Escola Secundária de Ermesinde nos anos 90, é escusado explicar quem é… toda a gente a conhecia (tenho quase a certeza que esta menina terá pedido (pelo menos uma vez) uma chiclete, a qualquer pessoa que tenha andado naquela escola.
Para os que não andaram por Ermesinde nessa altura, bem… o que posso eu dizer sobre a chiclete…???!!! Bem, é uma pessoa com quem se evitava estar já na altura da escola secundária, uma pessoa com quem eu já não falava há uns bons 10 anos, é uma pessoa que por várias vezes vi na rua (aqui ou ali), ou em transportes públicos, e me escondia imediatamente (na impossibilidade de fugir a 7 pés) e que hoje percebi mais uma vez porquê que não tinha saudades nenhumas dela…

Quando me viro para trás, diz ela bem disposta: “Então??!!! Já não se conhece os amigos??!! Estava eu ali ao fundo a acenar para ti, e tu nada???!!!”
Digo eu (com a pior disposição matinal possível): “ah…, sim…, olá…”

Nisto estava eu a bebericar o meu café, e a tirar uns trocados da carteira para pagar o meu café e fugir mal ela olhasse para o lado…
Quando olho de novo para cima, está ela a pagar o meu café…
Digo eu: “por favor, não precisas de fazer isso…” (enquanto penso: “raios…!!! se ela me consegue pagar o café, eu estou feito, aí é que ela não vai descolar”)
Diz ela: “Deixa lá isso. Os amigos são para as ocasiões!” (enquanto a senhora estúpida e antipática da pastelaria aceita o dinheiro e eu tento fazer sinais para ela não aceitar)
Penso eu: “Tarde demais…!!! Já me fodi…!!!”
Diz ela, à medida que aponta para um conjunto de pessoas sentadas junto a uma mesa, e que demonstravam todos uma cara de “it’s our chance… it’s now or never… run for your life…!!!”: “Eu venho sempre aqui de manhã tomar café com o meu grupinho”
Digo eu, à medida que o grupinho dela já se levantava para bazar: “ah…”
Diz ela: Onde estás a trabalhar? Eu tirei o curso de turismo e estive a trabalhar como recepcionista de um hotel, durante 2 anos. Mas tive de ser operada, eles despediram-me, eu meti-os em tribunal, ganhei uma indemnização, e agora vendo livros escritos por deficientes, mas é a recibos verdes e estou muito mal, ainda agora tive de pagar os pagamentos por conta, e agora já recebi outra carta para pagar outra vez, e ainda estou em Ermesinde.”
Digo eu: “ah…”
Diz ela, à medida que tira um grande saco plástico de dentro da carteira: “Tenho de carregar o meu telemóvel, vou liga-lo ao meu carregador de luz solar”.
(Neste momento espalha o conteúdo do saco plástico em cima do balcão. Nada mais, nada menos, do que 8 adaptadores diferentes para não sei quantas marcas de telemóvel, e começa a experimentar um ao um, e continua a falar sobre ter comprado tudo aquilo por 2,5 euros na Rua do Loureiro, com desconto por já ser cliente lá da loja há muito tempo. Nisto estava eu a olhar para o relógio, a preparar o meu “runaway”.
Digo então: “Bem… olha… tenho de ir que tenho de apanhar outro comboio ainda…”
Diz ela: “Está bem, está bem, eu vou contigo.”
Penso eu: “Foda-se…!”
Diz ela já a andar ao meu lado lá para fora: “Mas eu até estou bem. Só não encontrei ainda ninguém que me faça feliz (penso eu: “porque será???!!!). Ainda neste Sábado fui a um casamento, e ao ver os noivos, e depois as minhas amigas todas com namorados, me senti muito mal, até chorei.”
Penso eu: “porque raio está ela a contar-me isto???!!! Será que por me ter conseguido pagar um café, acha que pode conseguir alguma coisa comigo???!!! Livra…!!!! Sacode…!!!!
Diz ela: “Mas ainda não perdi a esperança e vou continuar a procurar!”
Penso eu (enquanto atravesso a rua fora da passadeira, analisando a aproximação de vários automóveis e dos autocarros da STCP de um lado e do outro da estrada, preparando-me para começar a correr, e deixando-a para trás à mercê de um qualquer motorista mais distraído): “ah…”
Diz ela: “Estás mesmo com pressa! A que horas é o teu comboio?”
Digo eu (sabendo perfeitamente que ainda iria esperar um bom pedaço na plataforma da estação): “Pois…, é já…, tenho de ir, xauzinho e obrigado pelo café.”
Nisto olho para trás e para minha felicidade, vejo que ela já ia a caminho da estação do Metro…!!!! Chiça…!!!
Depois vim o resto do caminho a pensar:
“Tenho de arranjar, imediatamente, outro sítio para ir tomar café de manhã. E será que o facto de ela me ter pago um café, não será justificativo suficiente (pelo menos na cabecinha dela) de achar que eu posso ser o tal? O tal que a vai fazer feliz? Bem… ela que esqueça, comprar-me com um café, isso não é nada! Ainda se fosse um café e um pastel de nata…!!! Uuuuhhhhhmmmm…!!!!

30 agosto 2010

O género de assuntos que não se deve discutir com ninguém, e o género de pessoas com as quais não se deve discutir sobre nada…


Assuntos que não se deve discutir com ninguém: Política, religião e futebol… Porquê? Porque nunca há consenso (principalmente se discutirmos futebol com um benfiquista… quer-me parecer que é ainda pior do que discutir princípios religiosos com um muçulmano bombista).

Pessoas com as quais não se deve discutir sobre nada:
As que só vêem o que querem;
As que só ouvem o que lhes interessa;
As que só falam aquilo que não devem;
As que só querem aquilo que não podem;
E as que sentem apenas o que compreendem.

Com estas pessoas não vale a pena:
Mostrar um ponto de vista porque não o vão querer ver;
Não vale a pena gastar muitas palavras porque não vão querer ouvir;
Não vale a pena ouvi-las porque só vão dizer aquilo que querem que ouçamos;
Não vale a pena dar-lhes nada porque vão querer sempre outra coisa;
E não vale a pena mostrar o que se sente simplesmente porque há pessoas que não são dotadas de compreensão e sensibilidade.

Solução:
Concentrar menos em discussões que não servem para nada e em pessoas que não valem a atenção.
Concentrar mais nas coisas boas da vida e naquilo que nos faz despertar um sorriso na cara (ora, isto é que vai dar um bom texto…!!!).

26 agosto 2010

The Cinematic Orchestra - To build a home

Aqui fica uma grande música para acompanhar a leitura:
http://www.youtube.com/watch?v=QB0ordd2nOI

24 agosto 2010

Para quê escrever aquilo que já foi pensado e escrito por alguém? Fantástico! Parabéns Melancia!


“Muitas vezes as pessoas desiludem-nos, não são quem esperávamos... o mais provável é que sempre nos tenham mostrado como eram, mas existem fases em que andamos cegos demais para ver o que esta bem claro para outras pessoas... caímos, voltamos a cair, mas há um momento em que uma das quedas nos faz acordar, e é nessa altura que nos apercebemos do que andamos a fazer, ou melhor, do que deixamos que nos fizessem. Quantas vezes lutamos por coisas ou pessoas que no fim nos irão desiludir, ou simplesmente, tomar um rumo diferente daquele que estávamos à espera? Quantas vezes damos por nós a desvalorizar-nos, até mesmo a pensar em desistir como se tivéssemos perdido tudo? É difícil não conseguir alcançar tudo o que queremos e quando queremos, mas será que o facto de termos aprendido a perder não compensará a própria perda? Muito provavelmente não é fácil acreditar nisto, mas creio que muitas das vezes a força não esta em ganhar, mas sim em saber perder. E digo saber perder na medida em que se possa tirar de tudo isso uma lição de vida, um acontecimento que nos fez crescer, algo para ser encarado com um sorriso, pois ajudou a tornarmos-nos em pessoas mais maduras, e que no meio de tantas desilusões nos trouxe alguma coisa de bom. Tantas são as situações em que, na vida, seguimos caminhos totalmente opostos aos que consideramos certos, caminhos que de alguma forma parecem ter sido completamente inúteis, mas na realidade a nossa preparação para a grande conquista de tudo o que achamos merecer é feita dessas mesmas aprendizagens, que na própria altura, nos magoam e envergonham, mas depois, quando nos deparamos com o crescimento que nos transmitiu, consciencializamo-nos de que ainda bem que assim foi, porque só assim passámos a valorizar as coisas que verdadeiramente nos preenchem e fazem sentido.”

Escrito por: Melancia em http://sabores-fluorescentes.blogspot.com

05 agosto 2010

Geometria da vida…


Nunca fui muito bom a geometria… Aliás, nunca foi das minhas matérias preferidas!
Nunca percebi muito bem esta coisa das LINHAS, FORMAS, ÂNGULOS e PERSPECTIVAS…

Talvez porque durante muito tempo fui uma pessoa de linhas RECTAS e nunca conseguia perceber outras PERSPECTIVAS…

Vendo por um certo PRISMA, apercebemo-nos que a geometria está em todo o LADO…
Está nos CUBOS de gelo, nas PIRÂMIDES do Egipto, nos CÍRCULOS de amigos, nas ESFERAS amorosas, nos TRIÂNGULOS amorosos, nas ruas PARALELAS, nas ruas PERPENDICULARES, nas DIRECTRIZES de um projecto, nos TRAPÉZIOS do circo, etc. etc. etc.

Com o tempo fui percebendo melhor a geometria da vida… fui percebendo que existem diversas FORMAS de vida e diversas FORMAS de viver…
Não há nada de complexo aqui.
Não é preciso fazer cálculos matemáticos complicados para o perceber.
Da mesma FORMA que nenhuma nuvem tem a mesma FORMA que outra, também as pessoas são assim.
Há sempre aquelas pessoas QUADRADAS e outras completamente OBTUSAS, mas estes são casos diferentes que requerem outras abordagens ou leituras de um ÂNGULO diferente.
Mas no fundo, somos todos FORMAS GEOMÉTRICAS, com diferentes FORMAS de pensar, sentir e agir.

Se percebermos isto e se compreendermos as diferentes FORMAS que a vida pode tomar, acredito que poderemos perceber que, apesar de todos os CÍRCULOS, ÂNGULOS e ARESTAS que encontramos, estamos apenas a percorrer a LINHA perfeita que o destino nos traçou.
Acredito nisto. Preciso de acreditar. Caso contrário, mais vale cair REDONDO.