27 setembro 2012

Depois de ti, mais nada...

No seguimento do post anterior, e desde o momento que o escrevi… é só para dizer que fui mesmo à Bertrand logo a seguir… e já estou mesmo a ler o 3º volume da trilogia Millennium (A rainha no palácio das correntes de ar). Não consegui suportar mais esta agonia. Fiquei preocupado no entretanto por causa de alguns relatos que li na internet sobre o mesmo tema… insónias, pessoas que tatuam dragões na omoplata ou abelhas no pescoço, gente que vai à procura da cabana de verão da família Venger em Hedestad, ou fenómenos de abstinência literária total e permanente pós Stieg Larsson… Gente tola, esta!!! Corre o mito (acabado de inventar por mim) de que o Tony Carreira compôs o tema “Depois de ti, mais nada” a pensar no Stieg Larsson. Embora reconheça que não será fácil “passar à frente”, vou tentar ter espírito aberto para conhecer outras obras e autores novos (tal como fiz com este). Dar hipótese de conhecer outras pessoas e não viver agarrado a esta relação tempestuosa passada. Dennis Lehane será muito provavelmente a leitura seguinte. Li o “Shutter Island” e ainda hoje penso nas “fintas” que levei ao longo do livro e especialmente no “triplo nó cego mental” que levei na última página. Que “coça” que levei! Não querendo “queimar” o Lehane por causa dos tais fenómenos malucos “pós-Stieg Larsson”, creio que entre a passagem de um para o outro, vou ler mais umas páginas do Lobo Antunes (já está queimado e já…).

26 setembro 2012

Ressaca literária…

É o que estou a viver actualmente… estou de ressaca literária e vivo angustiado pelo dilema entre, ir ao «dealer» buscar mais uma “dose” ou pela opção alternativa (e muito pouco provável de se vir a registar) de me forçar a uma desintoxicação temporária… Terminei de ler há uns dias atrás o 2º volume da trilogia Millennium do Stieg Larsson (sim, o sujeito que morreu misteriosamente poucos dias depois de ter entregue os 3 volumes da obra na editora, e que nunca chegou a perceber o fenómeno de culto em que os seus livros e as suas personagens se tornaram). Estas mortes misteriosas, convenhamos, resultam melhor do que qualquer campanha de marketing milionária. Matar todo o potencial artista, gastando apenas o essencial e necessário para um funeral simpático e enviar uns «press-releases» para os «media» (a dizer que o sujeito morreu), seria sem qualquer sombra de dúvida uma acção promocional tão eficaz como qualquer outra. Mas isto seria levar o marketing a um nível muito “além”, ou “ao além”, como preferirem. Enfim…, e avançando… Confesso que devo ter andado a dormir por alguns anos e que foram poucas as vezes que ouvi falar desta obra, com exceção do período em que foi lançada a versão «hollywoodesca» em filme do primeiro volume (Os homens que odeiam as mulheres – título em Portugal). Confesso que o filme me passou igualmente ao lado. Quando comecei a ler o primeiro volume da trilogia (que me foi oferecido – obrigado Paulo), senti, sem exagero, pela 1ª página, que ia ser uma “boa leitura”. Estava longe de perceber, no entanto, que em pouco tempo iria ficar completamente viciado no livro. Uma história complexa e sombria, um contexto opressivo, personagens sofisticadas, muito fortes, bem idealizadas e descritas (mesmo o caso das personagens secundárias), uma forma de escrita bastante acessível (sim, porque eu sou “meio analfabeto” ao ponto de não gostar de qualquer escritor pretensioso que use constantemente palavras que eu não conheço, só porque fica mais “artístico”), o desenrolar frenético da história e o pormenor com que tudo é descrito, deixaram-me completamente “agarrado” à obra (quais cocaína ou heroína, quais quê!!). Frenético foi igualmente o ritmo com que li o livro. Nas pausas entre leituras, as personagens de Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist nunca saíram da minha cabeça, chegando ao ponto de invadirem os meus sonhos (“raio da «hacker» até nos sonhos consegue entrar”, pensava eu ao acordar…). A passagem do 1º para o 2º volume (A rapariga que sonhava com uma lata de gasolina e um fósforo) foi imediata, sem pausa, a meio de uma viagem de trabalho. Simplesmente não consegui parar. Foi querer mais, mais e mais. O 2º volume não é tão bom como o seu anterior. É bom, sem dúvida. Tem igualmente a capacidade de reter compulsivamente o leitor, e tem a novidade de nos deixar “pendurados” no final, sem saber ao certo o que virá a seguir. Claro, já foi todo. Sou guloso, quis tudo de uma vez! As personagens essas, por cá continuam. Principalmente essa tal de Lisbeth, rapariga “desequilibrada” e ”interdita” outrora pertencente a um grupo de supostas “lésbicas-satânicas-masoquistas”. Creio que terá feito (como diria ela) uma OPA hostil ao meu cérebro e instalou-se como um vírus no meu “disco rígido”. O que tem sem dúvida as suas vantagens... Aprende-se umas coisas inteligentes com ela… «Anyway», chegou a altura crucial de escolher entre avançar imediatamente para a leitura do último capítulo da saga (sabendo que é mesmo o último, que nada mais foi escrito pelo Stieg Larsson e que serão 600 páginas de puro prazer que terminará, no entanto, para sempre, no último ponto final do livro), ou em alternativa, tentar fazer um «pleaser postponement» (aka: adiamento de prazer), deixando a leitura para mais tarde (daqui a umas penosas semanas), ao mesmo tempo que me mentalizo que a leitura deste livro vai ter de demorar 48 anos (uma vez que espero morrer aos 80 anos e tenho actualmente 32), e não poucas semanas como os anteriores livros. Entretanto, e a ver se consigo resistir de facto à tentação da leitura imediata, escolhi outro livro para entreter nas minhas horas habituais de erudição (não, não é nos momentos em que vou à casa-de-banho, meus amigos) ando a tentar ler o “Arquipélago da insónia” do Lobo Antunes. Tem tudo a ver, não acham? Este é outro que me faz ter a tal sensação de “analfabetização-parcial”, já que não percebo metade do que o gajo escreve, ao mesmo tempo que fico ainda mais confuso e furioso com a Sra. Profª Henriqueta que tanto teimava na correcta utilização da pontuação, na escola primária, quando afinal estes “tubarões” da literatura, correm uma ou duas páginas de um livro com uma “vírgula” e umas “reticências”. Raios, creio que vou desistir do Lobo Antunes… Esperem um pouco…, já volto…, vou à Bertrand fazer uma coisa e volto já…